Pressupostos científicos de uma ideia política
Ludwig Trepl
Não constitui uma
evidência que, antes das ‘intervenções’ no ‘meio ambiente’ ‘natural’, se deva
estudar o ‘impacto’ dessas ações. Isto não só porque se pode achar que isso é
desnecessário (por exemplo, porque o meio ambiente seria muito mais resistente
do que acredita uma opinião pública demasiadamente susceptível), mas também
porque o conceito de meio ambiente é ambíguo e, além disso, não é evidente por
si só que ‘haja’ realmente um meio ambiente.
O que hoje denominamos
meio ambiente não existia há duzentos anos e nem mesmo há 25 anos, exceto nos
discursos dos especialistas. Não havia ‘destruição do meio ambiente’, embora já
existisse sem dúvida quase tudo o que entendemos por essa expressão.
Certamente, nos séculos passados ocorreram ‘catástrofes ambientais’ que
superavam em muito o que hoje se designa por esse nome (embora talvez não o que
hoje representa a ameaça). Nenhuma das catástrofes atuais atinge as proporções
das epidemias de peste da Idade Média ou as dimensões daquilo que se seguiu à
conquista da América Central e do Sul pelos espanhóis, quando, no período de
uma única geração, o número de habitantes desceu a uma fração. Essa síndrome de
causas, hoje chamá-la-íamos sem dúvida de ‘ecológica’, falaríamos de uma ‘guerra
ambiental’ e de uma ‘catástrofe ambiental’. Mas, naquela época, não poderia
surgir a ideia de que o ‘meio ambiente’ é que estaria entrando ‘em colapso’.
Tratava-se apenas de consequências da guerra, fome, secas, epidemias, problemas
de higiene etc.
[...]
Fonte: Trepl, L. 1994. In: Müller-Plantenberg, C. & Ab’Sáber,
A. N., orgs. Previsão de impactos.
SP, Edusp.
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