Uma palavra, outra mais, e eis um verso
Antonio Carlos Secchin
Uma palavra, outra mais,
e eis um verso,
Doze sílabas a dizer
coisa nenhuma.
Esforço, limo, devaneio e
não impeço
Que este quarteto seja
inútil como a espuma.
Agora é hora de ter mais
seriedade,
Senão a musa me dará o
não eterno.
Convoco a rima, que me ri
da eternidade,
Calço-lhe os pés, lhe dou
gravata e um novo terno.
Falar de amor, oh pastora,
é o que eu queria,
Mas os fados já perseguem
teu poeta,
Deixando apenas a
promessa da poesia,
Matéria bruta que não cabe
no terceto.
Se o deus frecheiro me
lançasse a sua seta,
Eu tinha a chave pra
trancar este soneto.
Fonte: Hollanda, H. B.,
org. 2001 [1976]. 26 poetas hoje, 4ª
ed. RJ, Aeroplano.
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