13 setembro 2017

Uma palavra, outra mais, e eis um verso

Antonio Carlos Secchin

Uma palavra, outra mais, e eis um verso,
Doze sílabas a dizer coisa nenhuma.
Esforço, limo, devaneio e não impeço
Que este quarteto seja inútil como a espuma.

Agora é hora de ter mais seriedade,
Senão a musa me dará o não eterno.
Convoco a rima, que me ri da eternidade,
Calço-lhe os pés, lhe dou gravata e um novo terno.

Falar de amor, oh pastora, é o que eu queria,
Mas os fados já perseguem teu poeta,
Deixando apenas a promessa da poesia,

Matéria bruta que não cabe no terceto.
Se o deus frecheiro me lançasse a sua seta,
Eu tinha a chave pra trancar este soneto.

Fonte: Hollanda, H. B., org. 2001 [1976]. 26 poetas hoje, 4ª ed. RJ, Aeroplano.

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