Saudação
Pavol Országh Hviezdoslav
Saúdo-vos, bosques,
montanhas
desta alma eu vos saúdo!
Que mundo miserável que
nos pressiona,
seu mau olhado nos
venceu.
A mentira nos confundiu
em sua superioridade.
Vós ireis viver de novo.
Vós ressuscitareis e vos
restabelecereis
das dolorosas feridas
no verdadeiro e reto
sentimento de fraternidade.
Abrindo totalmente o coração
à cordialidade onde
outrora
nunca prosperou a
traição,
sem inquirir quem é ele,
ou o que busca.
No regaço, ei-lo no doce
abraço
com os ombros, cheio de
amor materno
lealmente se protegerá o
homem.
Somente um momento lá
permanecerá.
Já então a dor se
desfalece, já se debilitam as correntes.
Os olhos se aclaram e
diminui a pressão.
Já revivem as esperanças.
Somente um sinal, um
zumbido dos bosques.
Somente um salto do
riacho na montanha
e a alma já se afina à
canção
e já se tece o mágico
tecido,
o coração se sobressalta.
Somente o gritar da água,
somente o bater de asas
de um falcão,
um assobio varonil além
da montanha,
na colina uma labareda de
fogo
fazem-nos voltar à tranquilidade,
o espírito já se acende,
já se aclara,
como uma língua de chama
voa para cima,
como no ar regressa um
meteoro.
Somente um instante, como
um
brilho que nos passa
sobre a cabeça,
já o temos: o pensamento
brinca,
a alma rejuvenescida
saltita sobre os arbustos,
e assim se divisa, como
uma faixa do arco-íris.
Desta alma eu vos saúdo!
Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe.
Porto Alegre, L&PM.
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