28 dezembro 2017

Saudação

Pavol Országh Hviezdoslav

Saúdo-vos, bosques, montanhas
desta alma eu vos saúdo!
Que mundo miserável que nos pressiona,
seu mau olhado nos venceu.
A mentira nos confundiu em sua superioridade.
Vós ireis viver de novo.
Vós ressuscitareis e vos restabelecereis
das dolorosas feridas
no verdadeiro e reto sentimento de fraternidade.
Abrindo totalmente o coração
à cordialidade onde outrora
nunca prosperou a traição,
sem inquirir quem é ele,
ou o que busca.
No regaço, ei-lo no doce abraço
com os ombros, cheio de amor materno
lealmente se protegerá o homem.
Somente um momento lá permanecerá.
Já então a dor se desfalece, já se debilitam as correntes.
Os olhos se aclaram e diminui a pressão.
Já revivem as esperanças.
Somente um sinal, um zumbido dos bosques.
Somente um salto do riacho na montanha
e a alma já se afina à canção
e já se tece o mágico tecido,
o coração se sobressalta.
Somente o gritar da água,
somente o bater de asas de um falcão,
um assobio varonil além da montanha,
na colina uma labareda de fogo
fazem-nos voltar à tranquilidade,
o espírito já se acende, já se aclara,
como uma língua de chama voa para cima,
como no ar regressa um meteoro.
Somente um instante, como um
brilho que nos passa sobre a cabeça,
já o temos: o pensamento brinca,
a alma rejuvenescida saltita sobre os arbustos,
e assim se divisa, como uma faixa do arco-íris.
Desta alma eu vos saúdo!

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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