19 dezembro 2017

Vogais

F. Ponce de León

Escrito entre 1870 e 1871, mas publicado em livro apenas em 1884, o famoso poema ‘Voyelles’, de Arthur Rimbaud (1854-1891), já foi traduzido diversas vezes para o português.

Entre nós, por exemplo, já foram publicadas (em meio impresso ou eletrônico) traduções feitas por Augusto de Campos, Gondin da Fonseca (1899-1977), Ivo Barroso, José Nêumanne e Tomaz Amorim Izabel.

Apresento a seguir a minha proposta de tradução.

Vogais 

Arthur Rimbaud

A preto, E branco, I vermelho, U verde, O azul: vogais,
Eu algum dia mostrarei vossas nascenças latentes:
A, preto espartilho peludo de moscas reluzentes
Que zumbem ao redor de cogumelos mortais,

Golfos d’umbra; E, candor de vapores e de tendas,
Lanças de geleiras altivas, reis albinos, frêmitos d’umbelas;
I, roxo, sangue cuspido, riso de belos lábios
Na raiva ou em bebedeiras penitentes;

U, ciclos, vibrações divinas de mares biliosos,
Paz dos pastos semeados d’animais, paz das rugas
Que a alquimia imprime nas vastas frontes eruditas;

O, suprema Trombeta plena de ruídos estranhos,
Silêncios traspassam os Mundos e os Anjos:
– O, o Ômega, raio violeta de Seus Olhos!

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