Cidade dos etéreos
Ransom Riggs
Remamos pela baía,
passando por barcos balançantes com a ferrugem vazando das emendas dos cascos,
por bandos de aves marinhas silenciosas amontoadas nas ruínas de docas
afundadas e cobertas de cracas, por pescadores que baixavam as redes para nos
encarar estupefatos, sem saber se éramos reais ou imaginários – uma procissão
de fantasmas flutuando na água ou de pessoas que em breve virariam fantasmas.
Éramos dez crianças e uma ave em três pequenos barcos instáveis, remando em
silêncio, com vontade, para alto-mar, deixando para trás rapidamente a única
baía segura em quilômetros, que se exibia rochosa e mágica à luz azul-dourada
do amanhecer. Nosso objetivo, a costa irregular do País de Gales, estava em
algum lugar à frente, visível apenas como um borrão difuso, uma mancha de tinta
ao longo do horizonte.
[...]
[...]
Fonte: Higgs, R. 2016. Cidade dos etéreos. RJ, Intrínseca.
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