26 janeiro 2018

Cidade dos etéreos

Ransom Riggs

Remamos pela baía, passando por barcos balançantes com a ferrugem vazando das emendas dos cascos, por bandos de aves marinhas silenciosas amontoadas nas ruínas de docas afundadas e cobertas de cracas, por pescadores que baixavam as redes para nos encarar estupefatos, sem saber se éramos reais ou imaginários – uma procissão de fantasmas flutuando na água ou de pessoas que em breve virariam fantasmas. Éramos dez crianças e uma ave em três pequenos barcos instáveis, remando em silêncio, com vontade, para alto-mar, deixando para trás rapidamente a única baía segura em quilômetros, que se exibia rochosa e mágica à luz azul-dourada do amanhecer. Nosso objetivo, a costa irregular do País de Gales, estava em algum lugar à frente, visível apenas como um borrão difuso, uma mancha de tinta ao longo do horizonte.
[...]

Fonte: Higgs, R. 2016. Cidade dos etéreos. RJ, Intrínseca.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker