23 abril 2020

Somente lugar em pé

Karl Sax

Num panfleto publicado em colaboração com a unesco, os autores negam a validade das leis malthusianas de crescimento da população e sugerem que a superpopulação “dificilmente é mais que um nome ambíguo para a pobreza”, embora os respeitável autor Alva Myrdal, distinto cientista sueco tenha plena consciência dos problemas causados pelas populações excessivas. Quando um delegado norueguês sugeriu fosse feito um estudo dos problemas da população mundial pela World Health Organization, das Nações Unidas, a proposta foi imediatamente vetada pelos delegados católicos, que ameaçaram boicotar a organização internacional se a sugestão fosse adotada. Uma oposição mais direta ao programa de controle da natalidade ocorreu alguns anos antes no Japão. A pedido das forças de ocupação de Douglas MacArthur, Edward Ackerman preparou um apanhado dos recursos do Japão; defendeu, nele, o controle da média de nascimento. O Clube das Senhoras Católicas de Tóquio, composto de mulheres das forças de ocupação norte-americanas, protestou vigorosamente, tendo o relatório sido suprimido. O oficial encarregado da Seção de Recursos Naturais foi repreendido pelo general MacArthur por declarar que “o Japão é um país de muita gente e pouca terra; seus problemas econômicos e sociais vêm diretamente dessa circunstância”. O Clube das Senhoras Católicas também protestou quando o Instituto de Controle da Natalidade de Tóquio convidou, pela primeira vez, Margaret Sanger para visitar o Japão; foi-lhe negado ‘visto’ de entrada no país.

Fonte: Hardin, G., org. 1967. População, evolução & controle da natalidade. SP, Nacional & Edusp. Excerto de livro publicado em 1955.

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