25 setembro 2020

Compor, decompor, recompor

Miriam Alves

Olho-me
espelhos.
    Imagens
que não me contêm.
Perdem-se
    de meu corpo
as palavras. 
Volatilizo-me.
    Transpasso os armários
soltando sons abertos
  na boca
    fechada.

A emoção dos tempos
não registro
  no
    meu ouvir
desmancho-me nos espaços
    decomponho-me.
Recompondo-me
sentada
    na
      sala
        de espera
falando com
      meus
        fantasmas.

Fonte (v. 1-4, 18-26): Pereira, E. A., org. 2010. Um tigre na floresta de signos. BH, Maza Poema publicado em livro em 1985.

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