Sensibilidade em plantas e animais
Paulo Benzzoni
Em resumo, sob qualquer ponto de vista em que se coloque um naturalista, há de observar que existe uma linha de contato entre o reino animal e o reino vegetal, o que levou um certo Dr. [Franz] Unger, em 1835, a apregoar, com uma espécie de exaltação religiosa, solene e patética, “que a planta se converte em animal, num determinado momento”. Unger, tido como louco, não deixava de ter alguma razão, ao observar, ao microscópio, depois de pacientes pesquisas, que os filamentos de alga verde se transformavam de súbito em uma bola verde, de onde saíam numerosos fios tênues, cuja alga, valendo-se deles, nadava como um infusório, ou para ser mais claro, como um verdadeiro animal.
Unger não estava com toda a verdade, mas se aproximava dela. O que ele observara na alga filamentosa, “demonstra-se em centenas de casos. Assim, entre as plantas mais sensíveis, há espécies que podem apresentar dois aspectos diferentes de vida. Umas vivem como as plantas formais, sedentárias, com toda a sua característica de um vegetal; outras vagueiam em liberdade, independentes, percorrendo todas as águas nas quais nasceram, para depois voltarem a paralisar-se e a vegetar na sua cotidiana monotonia. Algumas dessas algas possuem zoósporos e se movimentam e nadam como um animal, embora vivam como vegetais” [R. H. France].
Fonte: Benzzoni, P. 1974. Compêndio de botânica. BH, Livraria Cultura Brasileira Editora.
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