“Se me dei bem!” – disse o rei para a sunga
F. Ponce de León
Em um reino tão, tão distante, chamado Reino da Gambiarra, vivia uma gente triste e infeliz. O reino era comandado por um rei mau, muito mau. Mau e preguiçoso. Seu nome era Desmiolado.
Todas as propriedades do reino haviam sido confiscadas pelo rei. Não à toa, além de infeliz, o povo do lugar vivia doente e esfomeado.
Os estrangeiros que visitavam o reino saíam de lá com uma péssima impressão. Sobretudo por causa do rei. O que mais impressionava os visitantes era a sensação de vazio transmitida por ele.
Há quem diga que o vazio é pior do que a maldade. Talvez porque o vazio seja a antessala da maldade – e o vazio total, a antessala da maldade absoluta. Seja como for, o fato é que mentes normais costumam relatar algum tipo de mal-estar quando estão diante de uma mente vazia. (O problema, claro, não se restringe ao Reino da Gambiarra.)
Os anos se passaram. Até que o povo se cansou e decidiu destronar o rei. Além de perder a coroa, Desmiolado foi levado a julgamento – inúmeras acusações pesavam contra ele.
Ao final dos trabalhos, ele foi declarado culpado. A pena incluía o confisco dos bens que ele havia pilhado e o degredo para o Reino da Idiotia. Antes, porém, de a pena ser aplicada, os juízes submeteram o réu a um teste final: O teste da cela vazia.
Estudiosos defendiam a ideia de que a comprovação final de que estamos diante de uma mente vazia depende da realização do teste da cela vazia. E assim foi feito.
Desmiolado foi colocado em uma cela vazia, vestindo apenas una sunga de banho e tendo a companhia apenas e tão somente de uma bolinha de gude. Do lado de fora da cela, a equipe monitorava o que se passava lá dentro.
Pois a equipe não precisou aguardar mais do que 30 minutos. Foi o tempo que Desmiolado levou para ver a bolinha de gude. Assim que a viu, ele a apanhou e a engoliu. Deu uma risadinha sarcástica para si mesmo e, olhando para a sunga, disse orgulhoso: “Se me dei bem!”
* * *
1 Comentários:
Muito bom!
Postar um comentário
<< Home