A cidade como espetáculo
Fernanda Ester Sánchez García
Verificamos que a construção de uma nova imagem da cidade constitui-se numa das bases do projeto de modernização urbana de Curitiba, imprescindível à sua implementação ao longo dos últimos 20 anos. [...]
As recentes realizações urbanísticas – Rua 24 Horas, Ópera de Arame, Jardim Botânico, ônibus biarticulado – tornam-se ‘produtos’, novidades que acompanham um ritmo frenético de ‘renovação de ideias’, caracterizando a crescente espetacularização da vida urbana.
Cada novo espaço constitui-se, também, em ação e comunicação simbólicas, pois Curitiba hoje fixou-se ao nível nacional como espaço condensado, por excelência, dos anseios das classes dominantes relacionados a modo de vida e usufruto da cidade. A absorção acrítica dos novos ‘produtos’ urbanísticos e os rápidos processos de adesão social a ideias, valores e mitos associados à cidade moderna são indicadores da cristalização da imagem urbana dominante. A obtenção e manutenção deste padrão dominante expressa, por sua vez, a agilização dos elos entre meios técnicos de comunicação, esfera cultural e aparelho de poder, uma das faces mais marcantes da contemporaneidade, onde o controle da informação constitui-se em fundamental estratégia de poder e dominação.
Fonte: García, F. E. S. 1996. O city marketing de Curitiba: Cultura e comunicação na construção da imagem urbana. In: Del Rio, V. & Oliveira, L., orgs. Percepção ambiental. SP, Studio Nobel & Editora UFSCar.
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