Uma metrópole prematura
Nirmal Kumar Bose
Das 250 cidades que têm mais de 500.000 habitantes, aproximadamente a metade encontra-se nos países em desenvolvimento. São cidades que podem ser consideradas anacrônicas: surgiram em nações ainda de economia essencialmente agrícola, antes da revolução industrial que, supões-se, condiciona e justifica a metrópole [...]. Uma dessas cidades é Calcutá, o maior centro urbano da Índia. O distrito metropolitano de Calcutá abriga aproximadamente sete milhões de pessoas em 400 milhas quadradas. Calcutá não é apenas um grande porto e um centro cada vez mais diversificado de manufatura; é, também, a capital cultural do idioma bengali falado pela gente da Índia Oriental. Sua população cosmopolita abrange trabalhadores especializados Sikh do Punjab, comerciantes de Rajasthan e Gujarat da Índia Ocidental, altos funcionários públicos de Kerala e Madras da região Sul e carregadores de estados vizinhos; sua população inclui também muçulmanos nativos bengalis e a predominante população hindu bengali (cujo número foi inflacionado pelo influxo de 700.000 refugiados do Paquistão Oriental desde 1947). Calcutá é, assim, o cenário de um grande confronto entre as instituições tradicionais da Velha Índia – sua comunidade de castas e diversidade étnica – e as pressões de novos valores que surgem do processo de urbanização que pressagia sua revolução industrial. O que ocorreu em Calcutá determinará o caráter e a duração dessa revolução em todo o país. O mesmo pode ser dito acerca do papel a ser desempenhado pelas metrópoles de todos os outros países em desenvolvimento.
Fonte: Bose, N. K. 1977 [1967]. In: Vários. Cidades: A urbanização da humanidade. RJ, Zahar.
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