Telegrafia sem fim
Salette Tavares
Onde o sonho do profundo se adormece
e as flores do enquanto me seduzem
neste vento que me paira e acontece,
o tempo do cansaço me escurece
e das estrelas instantes se conduzem
geométricas e finas linhas frias
cadentes de sonhadas geografias.
Ó meu cantar além dentro de mim
ó meu saber nos dedos o que vejo,
eu sei traçar a negação do fim
no sempre que se aquece para quem
se cria e se inventa de desejo.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1967.

0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home