23 outubro 2025

Depois de despacho com S. Exa. o governador em Lahane – 1951-1956

Ruy Cinatti

Atiro ao sol as montanhas
e fujo, deliro,
perseguido por palavras falsas.

Adiro à terra, ao cavalo
pastoreando no verde
sombrio vale.
Galopo, galopo até ao mar.

Na praia, os rochedos ferem.
Eu quero ser,
só o que sou.

Aos Timorenses chamo meus haveres.
Celebro ritos. Calo
Timor aos deuses.

Melhor que qualquer palavra
é o silêncio.

Melhor o contrato:
sangue aceite.

São braços levantados
frente ao Ocidente.

O sol-posto
nasce.

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1970.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker