Depois de despacho com S. Exa. o governador em Lahane – 1951-1956
Ruy Cinatti
Atiro ao sol as montanhas
e fujo, deliro,
perseguido por palavras falsas.
Adiro à terra, ao cavalo
pastoreando no verde
sombrio vale.
Galopo, galopo até ao mar.
Na praia, os rochedos ferem.
Eu quero ser,
só o que sou.
Aos Timorenses chamo meus haveres.
Celebro ritos. Calo
Timor aos deuses.
Melhor que qualquer palavra
é o silêncio.
Melhor o contrato:
sangue aceite.
São braços levantados
frente ao Ocidente.
O sol-posto
nasce.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1970.

0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home