Fortaleza
Gildo Magalhães
Amo brincar na serra que ri verde
De frente cortada para o mar,
Seu peito antepara o sol.
Lá embaixo a areia branca
Se entrega aos dedos do mar;
Desarrumada e toda largada,
Espera que ele a toque:
Vai e volta o mar, fiel e não.
Nas brejaúvas e palmitos
Enrolados por liso véu,
Pula o tiê-sangue,
Arco que o vento entesa –
Saúdo-te, neblina cingindo a montanha,
Mas a manhã avessa espanta a névoa,
A mata brava se enche de azul e vida.
A serra, de costas para o país,
Olha a África e as ilhas da costa –
Assim também
Olho distante,
A transpor o oceano,
A me deixar,
Com saudade de não ir.
Fonte: Magalhães, G. 1987. Alquimista do tempo. SP, Roswitha Kempf Editores.
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