Chão de giz
Zé Ramalho
Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas em jornais de folhas
Amiúde,
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Disparo balas de canhão, é inútil
Pois existe um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força, ou de vênus
Mas não vão gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Agora pego um caminhão
Na lona vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de “boy”
“that’s over, baby” – Freud explica
Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular
No mais estou indo embora
Fonte: encarte que acompanha o LP do álbum Zé Ramalho (1978), de Zé Ramalho.
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