Cidade
Sophia de Mello Breyner Andresen
Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes e não vejo
Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.
2 Comentários:
Caro Ponce de León: não conhecia esta poeta (ou poetisa). O poema "Cidade" encantou-me: alia simplicidade e profundidade, além de tratar de uma temática que sempre me interessou. Conheces mais algum poema dela?
Um abraço,
Artur
Eu tive a oportunidade de conhecer pessoalmente esta grande poetisa.
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