O Príncipe Feliz
Oscar Wilde
Na parte alta da cidade, no topo de uma certa colina, ficava a estátua do Príncipe Feliz. Era toda dourada com finíssimas folhas de ouro refinado, seus olhos duas safiras brilhantes, e um grande rubi fulgurava no punho de sua espada.
O príncipe era verdadeiramente admirado.
– Ele é bonito como um cata-vento – comentou um dos Conselheiros da Cidade, que queria ficar famoso por gostar das artes. – Só que não é tão útil – acrescentou logo, com medo que o povo o julgasse pouco prático, o que não era verdade, aliás.
– Por que você não pode ser igual ao Príncipe Feliz? – perguntou uma mãe sensata a seu filhinho que estava chorando porque queria a lua – O Príncipe Feliz jamais sonha em chorar pelo que quer que seja.
– Alegro-me que haja alguém no mundo que seja inteiramente feliz – resmungou um homem desencantado ao olhar para a maravilhosa estátua.
– Ele é igualzinho a um anjo – disseram os meninos do Orfanato ao sair da catedral vestindo suas capas vermelho vivo e seus aventais brancos.
– Como é que você sabe? – disse o Professor de Matemática. – Você nunca viu um deles.
– Ah, vimos, sim, em nossos sonhos – responderam as crianças.
Então o Professor de Matemática franziu o cenho e ficou muito severo, pois não aprovava essa história de criança sonhar.
(...)
Fonte: Wilde, O. 2001. Histórias de fadas: textos escolhidos. RJ, Nova Fronteira. Obra originalmente publicada em 1888.
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