08 março 2007

Porque não tinha tempo para a Morte

Emily Dickinson

Porque não tinha tempo para a Morte
Ela gentil veio buscar-me –
A Carruagem só levou nós Duas –
E a Imortalidade.

Fomos sem pressa – a Morte não tem pressa
E por dever de Cortesia
Eu tinha posto o meu Lazer de lado
E o Afã do dia-a-dia

Passamos pela Escola onde as Crianças
Brincavam no Recreio –
Pelos Campos de Grãos que nos olhavam –
Pelo Sol a esconder-se –

Ou talvez era o Sol que nos passava –
De frio já tremia o Orvalho –
Era uma renda fina meu Vestido –
Tule – meu Agasalho –

Paramos junto de uma Casa que era
Como um monturo ali no Solo –
O Telhado já quase não se via –
A Cornija – no Solo –


Desde então – já faz séculos – e eu acho
Mais longo o Dia – na verdade –
Que as Caras dos Cavalos nos guiavam
Para a Eternidade –

Fonte: Dickinson, E. 2006. Alguns poemas. SP, Iluminuras. Versão desse poema – referido como “Because I could not stop for Death” em função do primeiro verso – foi originalmente publicada em 1890.

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