Eu, pecador...
Guimarães Passos
Nas tuas horas de arrependimento,
Pensando em mim, o próprio amor maldizes,
E, revolvendo o peito nas raízes,
Falas, até, nas grades de um convento.
Do gozo tiras o maior tormento,
Das dores tiras as mais negras crises.
Nos dias em que somos mais felizes,
Eu leio tudo no teu pensamento.
Tu vês o inferno quando eu vejo a aurora,
E nos teus olhos, onde a dor se imprime,
Deus me acena, formosa pecadora.
Bradas ao céu de medo, e aos céus eu brado:
Tu – pedindo perdão para o teu crime,
Eu – pedindo que aumente o teu pecado.
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 5. SP, Cultrix & Edusp. Poema originalmente publicado em 1901.
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