04 dezembro 2008

Essa pavana é para uma defunta

Jorge de Lima

Essa pavana é para uma defunta
infanta, bem-amada, ungida e santa,
e que foi encerrada num profundo
sepulcro recoberto pelos ramos

de salgueiros silvestres para nunca
ser retirada desse leito estranho
em que repousa ouvindo essa pavana
recomeçada sempre sem descanso,

sem consolo, através dos desenganos,
dos reveses e obstáculos da vida,
das ventanias que se insurgem contra

a chama inapagada, a eterna chama
que anima esta defunta infanta ungida
e bem-amada e para sempre santa.

Fonte: Lima, J. 1997. Jorge de Lima: poesia, 5ª edição. RJ, Agir. Poema originalmente publicado em 1949.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker