25 maio 2009

A energia no universo

Freeman Dyson

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O cosmos contém energia em várias formas – por exemplo, gravitacional, calor, luz e energia nuclear. A energia química, a forma que desempenha o papel mais importante nas atividades humanas hoje em dia, vale pouco no universo como um todo. No universo a forma predominante de energia é gravitacional. Cada massa dispersa pelo espaço possui energia gravitacional que pode ser liberada ou convertida em luz e calor fazendo-se com que ela se condense. Para qualquer massa suficientemente grande, essa forma de energia suplanta todas as outras.

As leis da termodinâmica afirmam que todas as quantidades de energia têm associadas a si uma qualidade característica chamada entropia. A entropia mede o grau de desordem associado à energia. A energia deve sempre fluir numa direção que aumente a entropia. Assim, podemos arranjar as diferentes formas de energia numa ‘ordem de mérito’, sendo a forma mais elevada aquela com menos desordem ou entropia. A energia de uma forma mais elevada pode ser rebaixada para uma forma mais simples, porém esta não pode ser totalmente reconvertida para uma forma mais elevada. A direção do fluxo de energia do universo é determinada por um fator básico: a energia gravitacional não é apenas predominante em quantidade mas também a mais alta em qualidade. A gravitação não carrega entropia, e é a primeira na ordem de mérito. É por esse motivo que uma usina hidroelétrica, convertendo a energia gravitacional da água em eletricidade, é capaz de obter uma eficiência próxima de cem por cento, que nenhuma usina química ou nuclear pode igualar. No universo como um todo, o lema principal do fluxo de energia é a contração gravitacional de objetos grandes, a energia gravitacional liberada na contração sendo convertida em energia de movimento, luz e calor. O fluxo da água de um reservatório para uma turbina situada um pouco mais próxima do centro da Terra é em essência uma contração gravitacional controlada da Terra, numa escala mais modesta que a considerada normalmente pelos astrônomos. O universo se desenvolve com a contração gravitacional de objetos de todos os tamanhos, desde agrupamentos de galáxias até planetas.
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Fonte: Dyson, F. s/d [1992]. De Eros a Gaia. SP, Best Seller.

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