Desenganos da vida humana, metaforicamente
Gregório de Matos
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos presa:
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
Fonte: Spina, S. 1995. A poesia de Gregório de Matos. SP, Edusp.
2 Comentários:
muito lindo esse poema, fui fazer um trabalho com esse poema, gostei tanto que estou lendo outros do Gregório Matos.
Gregório de Matos Guerra, entre os poetas brasileiros, o classifico como um dos maiores de todos os tempos, vejam a poesia de Vinicius à música de Caetano a presença de Gregório de Matos é constante. Vale a pena conhecer toda a obra.
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