Eu pensarei em ti depois da minha morte
João Miguel Fernandes Jorge
Eu pensarei em ti depois da minha morte.
Pelo começo pelo fim pelo meio tempo não é fácil dizer a
minha morte entre os ciclos do ano o solstício
como será a exacta posição do sol?
Depois da minha morte.
Fora de toda preocupação (teórica) sem
qualquer interesse dir-te-ei dá uma forma ao repouso
estranho jardim meu domínio.
E se o não puder fazer? Como dois ângulos
não há duas mortes iguais
a morte fragmenta-se nunca dizendo
esta é a direcção da minha morte
extremidade para o meu conhecimento.
Respondo. Não respondo. E pensarei em ti?
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1973.
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