08 agosto 2010

A vida social dos babuínos

S. L. Washburn & Irven DeVore

Os homens sempre se sentiram fascinados pelo comportamento dos macacos e símios. Nos últimos anos, a simples curiosidade por seu comportamento foi reforçada pelo desejo de compreender o comportamento humano. Os antropólogos chegaram à conclusão de que a evolução do comportamento do homem, particularmente o social, desempenhou papel integral em sua evolução biológica. Procurando reconstruir como a vida do homem se moldou através das idades, muitos estudos sobre o comportamento dos primatas estão sendo realizados agora, em laboratórios e no campo. Os contrastes e semelhanças entre o comportamento dos primatas e do homem – especialmente do homem primitivo, pré-agrícola – à medida que forem sendo conhecidos, auxiliarão muito a compreensão do tipo de comportamento social que caracterizou os ancestrais do homem há um milhão de anos.

Com esses objetivos em mente, decidimos realizar um estudo com os babuínos. Escolhemos esse animal por ser um primata que vive no solo e, assim, deve enfrentar o mesmo tipo de problemas com que se defrontaram nossos antepassados quando abandonaram as árvores. Nossas observações de cerca de 30 tropas de babuínos, com uma média de 40 a 80 indivíduos cada uma, em seu hábitat natural na África, mostram que o comportamento social do babuíno é uma das principais adaptações da espécie à sobrevivência. A maior parte da vida do babuíno passa-se a poucos passos de distância de outros babuínos. A tropa garante proteção contra predadores e dá ao grupo um profundo conhecimento do território que ocupa. Vista de dentro, a tropa não se compõe de criaturas neutras, mas de membros fortemente emocionais, altamente motivados. Nossos dados pouco apoio trazem à teoria de que a sexualidade é o elo primário que mantém unida uma tropa de primatas. É a natureza intensamente social do babuíno, expressa numa diversidade de relações interpessoais, que mantém juntos os membros da tropa. Essa conclusão exige observação mais profunda e investigação experimental dos diferentes vínculos sociais. Está claro, entretanto, que tais vínculos são essenciais para firmar a vida em grupo e que, para um babuíno, a vida na tropa é a única forma possível de vida.
[...]

Fonte: Washburn, S. L. & DeVore, I. 1977. Diferenças sexuais no cérebro. In: Scientific American, Psicobiologia: as bases biológicas do comportamento. RJ, LTC. Artigo originalmente publicado em 1961.


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