06 outubro 2010

A transição Australopithecus-Homo

Felipe A. P. L. Costa

A evolução humana é um assunto intrigante e que facilmente mobiliza nossa curiosidade. Não é de estranhar, portanto, que os holofotes da mídia se acendam sempre que os estudiosos anunciam um novo achado fóssil de nossos ancestrais. Foi o ocorreu no início de abril último, após a revelação de que uma nova espécie de hominídeo havia sido formalmente descrita e nomeada. Trata-se do Australopithecus sediba, um possível elo de transição entre os gêneros Australopithecus e Homo.
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Alguns milhões de anos após a separação dos ramos que dariam origem aos chimpanzés e aos humanos, a árvore evolutiva dos antropoides já havia sofrido diversas ramificações. Na opinião da maioria dos estudiosos, os antropoides fósseis mais próximos do gênero Homo são os do gênero Australopithecus, que teria prosperado entre 4 milhões e 1 milhão de anos atrás.
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Com base no exame de restos fósseis dos esqueletos de dois indivíduos, um adulto e uma criança, encontrados na África do Sul e com datação estimada entre 1,78 milhão e 1,95 milhão de anos, um grupo de pesquisadores descreveu e nomeou uma nova espécie de antropoide, o Australopithecus sediba. Os autores do artigo [...] destacam especialmente duas de suas conclusões: 1) a nova espécie era provavelmente um descendente de A. africanus e 2) os restos fósseis indicam que a A. sediba tinha mais caracteres em comum com as primeiras linhagens do gênero Homo do que qualquer outra espécie de Australopithecus.

A nova espécie seria, portanto, o ‘elo’ mais recente – ao menos entre as espécies conhecidas – na transição entre os australopitecíneos e o gênero Homo. Assim, A. sediba parece ser forte candidato a ocupar uma posição-chave na árvore evolutiva dos antropoides, aplainando ainda mais o caminho que leva dos Australopithecus às primeiras linhagens do gênero Homo.
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Fonte: Costa, F. A. P. L. 2010. Mais um ramo em nossa árvore evolutiva. Ciência Hoje 275: 70-72. O sítio eletrônico da revista está aqui.


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