O queixo
Moacir Piza
Tomo da pena... Deixo-a, desolado,
Pois a tarefa exige outro instrumento.
A minha concepção, o meu intento
Demanda, pelo menos... um machado!
Tomo-o nas mãos... E, resoluto, assento
De talhar, num soneto, o queixo amado.
Procuro executar o plano ideado;
Mas em vão me extenuo e me atormento.
Em vão me esforço e com afã trabalho.
Em vão a idéia encolho e o verso estico:
– Todo o serviço, todo o esforço é falho.
Pois, em seguida ao labutar de uma hora,
Crendo findo o trabalho, verifico
Que metade do queixo está de fora...
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 6. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1916.
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