28 fevereiro 2012

A patologia do tédio

Woodburn Heron

Se agitarmos a superfície em que repousa um caracol, ele recuará para dentro da concha. Mas se agitarmos repetidamente, o caracol, dentro em pouco, pára de reagir. Da mesma forma, uma anêmona-do-mar, que se perturba por uma gota que cai na superfície da água onde ela está, já não se perturba se as gotas continuam a cair; [uma ave] pára de se afastar de um movimento que o assusta se o movimento se repete constantemente. A maioria dos organismos pára de responder a estímulos repetidos muitas vezes (a menos que a resposta seja reforçada por recompensa ou por evitar a punição). De fato, os organismo superiores evitam, de modo ativo, um ambiente completamente monótono. Um rato, num labirinto que ofereça diferentes caminhos para chegar à comida, variará sua escolha ao invés de usar os mesmos caminhos todas as vezes. Ele apresentará uma tendência a evitar as áreas em que esteve muito tempo e a explorar as menos familiares.

A monotonia é um problema humano importante e permanente. Pessoas que são forçadas a trabalhar por longos períodos em tarefas repetidas lamentam-se freqüentemente de [estar] aborrecidas e descontentes com seus empregos e, não raro, seu desempenho declina. [...]

Fonte: Heron, W. 1977. A patologia do tédio. In: Scientific American, Psicobiologia: as bases biológicas do comportamento. RJ, LTC. Artigo originalmente publicado em 1953.

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