Qual papa-peixe chameja ao sol e a libélula chispa em chama
Gerard Manley Hopkins
Qual papa-peixe chameja ao sol e a libélula chispa em chama;
Qual seixos jogados no poço redondo reboam;
Qual corda dedilhada
canta; e, tocados, os sinos ressoam,
Em cada bojo
percutindo a língua que seu nome proclama;
Cada coisa mortal
faz algo típico assim:
Existe aquele ser
dentro do qual habita,
Torna-se ela mesma; “Eu
mesma”, ela silaba e grita,
Clamando, “O que
faço sou eu: para isso eu vim”.
Digo mais: o justo
pratica com fé a justiça;
Guarda a graça: e de
tudo nele a graça promana;
Age aos olhos de
Deus o que a seus olhos ele é –
Cristo. Pois a
figura de Cristo a mil papéis é submissa,
Formoso nos membros,
formoso em olhos não seus,
Ele apresenta-se ao
Pai através da face humana.
Fonte: Hopkins, G.
M. 1989. Poemas. SP, Companhia das
Letras. Poema publicado em livro em 1918.
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