Barco silencioso
Yahya Kemal
Chegada a hora de levantar âncoras,
Um barco com destino desconhecido parte deste porto.
Toma seu caminho como se não tivesse nenhum passageiro.
Nesta partida não se move nenhum lenço, nenhum braço.
Os que ficaram no cais, angustiados pela viagem,
Dias e dias olham o horizonte negro com olhos úmidos,
Os corações inconsoláveis.
Não é o último barco que se vai,
Não é a última dor desta vida sofrida.
No mundo os que amam ou já amaram em vão esperam.
Não sabem que os seres queridos que se foram jamais voltarão.
Todos os que partiram devem estar contentes, nas suas novas paragens.
Passaram-se muitos anos, mas ninguém voltou dessa viagem.
Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM. Poema publicado em livro em 1961.
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