Montanha
Matas de carvalhos, castanheiros além, caminho do bosque
Para o dia, ao fundo. Lá de longe, o trino picotado do cuco
Nas folhas do carrasco velho marca o fim das migrações, para onde
Irei?
Para cima, sempre para cima, o grito picado do açor
Na copa dos pinheiros faz
Do tempo, grato, uma descida
A garra segura em vida –
Espalha no ar plumas de sangue, rogando
As perdizes para o chão.
Um fio de luz
No dorso
Das florestas chega
O crepúsculo às terras azuis,
De madrugada.
A pairar
No ar de montanha,
A tua madeixa, cortada.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1987.
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