Tempo habitual
Tomaz Kim
De nojo, o tempo, o nosso,
A perfídia estrumando
No presumir da carícia
branda e sorriso
De todos.
De raiva o tempo, o nosso,
De raiva o tempo, o nosso,
Céu, mar e terra
abrasando
Em clamor de labareda e
navalha afiada
E sangue.
De pavor o tempo, o nosso,
De pavor o tempo, o nosso,
A primavera assombrando.
Exílio de ventres a
fecundar e tudo o mais
Que a faz.
De amor o tempo, o nosso,
De amor o tempo, o nosso,
Onde uma voz espalhando
A boa nova no pântano
fétido da noite
Imposta?
De nojo, de raiva, de pavor,
De nojo, de raiva, de pavor,
O tempo transido
Do nosso viver dia-a-dia!
Mas não de amor...
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1966.‘Tomaz Kim’ é pseudônimo de Joaquim Fernandes Tomaz Ribeiro-Grillo.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1966.‘Tomaz Kim’ é pseudônimo de Joaquim Fernandes Tomaz Ribeiro-Grillo.
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