Agonia do coração
Auta de Souza
Estrelas fulgem da noite
em meio
Lembrando círios louros a
arder...
E eu tenho a treva dentro
do seio...
Astros! velai-vos, que eu
vou morrer!
Ao longe cantam. São
almas puras
Cantando à hora do
adormecer...
E o eco triste sobe às
alturas...
Moças! não cantem, que eu
vou morrer!
As mães embalam o berço
amigo,
Doce esperança de seu
viver...
E eu vou sozinha para o
jazigo...
Chorai, crianças, que eu
vou morrer!
Pássaros tremem no ninho
santo
Pedindo a graça do
alvorecer...
Enquanto eu parto
desfeita em pranto...
Aves, suspirem, que eu
vou morrer!
De lá do campo cheio de
rosas
Vem um perfume de
entontecer...
Meu Deus! que mágoas tão
dolorosas...
Flores! Fechai-vos, que
eu vou morrer!
Fonte (primeira e segunda
estrofe): Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 5. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado
em livro em 1900, com a dedicatória ‘A Maria Carolina de Vasconcellos’.
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