27 outubro 2013

Internacionalismo proletário

Florestan Fernandes

Em um período histórico no qual o socialismo é posto em questão, em termos de cultura comercializada de massas e de marketing, é deveras importante invocar a figura de um revolucionário como Trotsky. Depois dos livros de Isaac Deutscher, não existem mistérios a desvendar. Além disso, o próprio Trotsky cuidou de sua biografia, em obras que se voltavam para a sua vida, a Revolução Russa – na qual teve participação decisiva – e a trajetória de suas lutas pós-revolucionárias, inclusive os desdobramentos da fundação e evolução da IV Internacional.

Dois temas devem ser ressaltados como ponto de partida. O primeiro refere-se à sua condição de intelectual brilhante e de revolucionário ardente. Um grande orador e agitador, era também das figuras mais cultas e refinadas quanto à erudição literária e ao saber filosófico do movimento revolucionário. O outro relaciona-se com algo típico. Os revolucionários russos romperam com suas origens sociais: seu desenraizamento era total. Não mantinham liames com a ordem social existente, seja a que prevalecia na Rússia, seja a que sustentava o esplendor da Europa. Marxistas experientes, estavam convictos de que a revolução deveria assumir proporções supranacionais e defendiam com ardor o internacionalismo proletário. Por isso, combatiam de forma implacável a autocracia czarista e todas as acomodações com a democracia burguesa que tivessem por objetivo a ‘melhoria’ das classes e da sociedade de classes. O apoio dado em 1905 e posteriormente à revolução burguesa continha o teor de um recurso tático.
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Fonte: Fernandes, F. 1994. Trotsky e a revolução. In: O. Coggiola, org. Trotsky hoje. SP, Ensaio.

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