Internacionalismo proletário
Florestan Fernandes
Em um período histórico
no qual o socialismo é posto em questão, em termos de cultura comercializada de
massas e de marketing, é deveras importante invocar a figura de um revolucionário
como Trotsky. Depois dos livros de Isaac Deutscher, não existem mistérios a
desvendar. Além disso, o próprio Trotsky cuidou de sua biografia, em obras que
se voltavam para a sua vida, a Revolução Russa – na qual teve participação
decisiva – e a trajetória de suas lutas pós-revolucionárias, inclusive os
desdobramentos da fundação e evolução da IV Internacional.
Dois temas devem ser
ressaltados como ponto de partida. O primeiro refere-se à sua condição de
intelectual brilhante e de revolucionário ardente. Um grande orador e agitador,
era também das figuras mais cultas e refinadas quanto à erudição literária e ao
saber filosófico do movimento revolucionário. O outro relaciona-se com algo
típico. Os revolucionários russos romperam com suas origens sociais: seu
desenraizamento era total. Não mantinham liames com a ordem social existente,
seja a que prevalecia na Rússia, seja a que sustentava o esplendor da Europa.
Marxistas experientes, estavam convictos de que a revolução deveria assumir
proporções supranacionais e defendiam com ardor o internacionalismo proletário.
Por isso, combatiam de forma implacável a autocracia czarista e todas as
acomodações com a democracia burguesa que tivessem por objetivo a ‘melhoria’
das classes e da sociedade de classes. O apoio dado em 1905 e posteriormente à
revolução burguesa continha o teor de um recurso tático.
[...]
Fonte: Fernandes, F.
1994. Trotsky e a revolução. In: O.
Coggiola, org. Trotsky hoje. SP, Ensaio.
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