Por ser o que não sou é que padeço
Jorge Medauar
Por ser o que não sou é que padeço.
Padeço em existir quase
alternado
Entre tudo que tenho e
não mereço.
E o que mereço, nunca me
foi dado.
Assim, o que não digo, reconheço
Assim, o que não digo, reconheço
Ser o que mais por mim
foi meditado.
O que revelo é paga – apenas
preço
Do que também a mim foi
ocultado.
Se esse existir se parte entre dois gumes
Se esse existir se parte entre dois gumes
Posso ver pela noite
vaga-lumes
E dizer que são luzes nos
caminhos.
Maldito o que me vê como não sou:
Maldito o que me vê como não sou:
Podendo dar-lhe mel.
apenas dou,
Ocultos, entre pétalas,
espinhos.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya.
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