Amorfófala
B. Lopes
Nenúfar venenoso, ermo e
visguento,
Aberto em concha ao
turbilhão iriado
Dos insetos, que voam no
ar parado
De um tenebroso lago
pestilento;
Flor dominando um pântano
folhento
De algas, musgos e lodo
fermentado;
Flor, que tem na pureza
escancarado
O seio branco para o
firmamento;
Cheia do pólen
rescendente e ativo,
Tão à falena e ao colibri
nocivo,
E que é das vespas causa
de outros males...
Pois que ao lótus amargo
te assemelhas,
Eu terei de morrer, como
as abelhas,
Intoxicado dentro do teu
cálix.
Fonte: Ricieri, F., org.
2008. Antologia da poesia simbolista edecadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado em livro em 1895.
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