Sanatório
Ascânio Lopes
Logo, quando os corredores ficarem vazios,
e todo o Sanatório
adormecer,
a febre dos tísicos
entrará no meu quarto
trazida de manso pela mão
da noite.
Então minha testa começará a arder,
Então minha testa começará a arder,
todo meu corpo magro
sofrerá.
E eu rolarei ansiado no
leito
com o peito opresso e de
garganta seca.
Lá fora haverá um vento mau
Lá fora haverá um vento mau
e as árvores sacudidas
darão medo.
Ah! os meus olhos
brilharão, procurando
a Morte que quer entrar
no meu quarto.
Os meus olhos brilharão como os da fera
Os meus olhos brilharão como os da fera
que defende a entrada do
seu fojo.
Fonte: Pinto, J. N. 2004.
Os cem melhores poetas brasileiros do século, 2ª edição. SP, Geração Editorial. Poema publicado em livro em 1928.
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