17 janeiro 2014

Croquis

Janez Menart

O café. A mesa. O mármore frio,
Palpável imagem da passagem humana.
Na taça o conhaque; bem debaixo da borda;
Numa poça, o líquido derramado.

O indicador é pincel, o líquido, paleta;
Desenho preguiçosamente uma casinha, uma árvore.
Sobre a casa o sol, em frente um banco
E a flor que junto à flor floresce.

E ainda uma estradinha que vem da casa
E uma bela mulher entre as flores.
Repentinamente chega o garçom,
Esfregando tudo, espalhando tudo.

Observo como leva a bandeja,
Sacudindo, aqui e ali, o guardanapo.
E quase com tristeza, peço:
“Moço, mais uma taça, por favor!”

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM. Poema publicado em livro em 1963.

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