Floresça, fale, cante, ouça-se, e viva
António Ferreira
Floresça, fale, cante,
ouça-se, e viva
A Portuguesa língua, e já
onde for
Senhora vá de si soberba,
e altiva.
Se até aqui esteve baixa,
e sem louvor,
Culpa é dos que a mal
exercitaram:
Esquecimento nosso, e
desamor.
Mas tu farás, que os que
a mal julgaram
E ainda as estranhas
línguas mais desejam,
Confessem cedo ante ela
quanto erraram,
E os que depois de nós
vierem, vejam
Quanto se trabalhou por
seu proveito,
Porque eles para os
outros assim sejam.
Se me enganei, se tive
mau respeito
Andrade, tu o julga: mas
espero
De te ser este meu desejo
aceito.
E enquanto mais não peço, isto só quero.
E enquanto mais não peço, isto só quero.
Fonte (dois primeiros
tercetos): Martins, W. 1977. História da inteligência brasileira, vol. 1. SP, Cultrix & Edusp. O trecho acima integra
uma obra mais extensa – publicada em livro em 1598 –, correspondendo ao final
da ‘Carta III: A Pero d’Andrade Caminha’.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home