A bordo do Beagle
Richard Keynes
Em Autobiography, Charles afirmou que “A viagem do Beagle foi de longe
o acontecimento mais importante de minha vida e determinou toda a minha carreira”,
mas como se viu neste relato de suas atividades durante o percurso, foi apenas
bem perto do fim da expedição que pôs na forma escrita suas primeiras dúvidas
sobre a estabilidade das espécies existentes. Desse modo, pode-se perguntar
como, após mais de quatro anos de fatigante estudo geológico e extensa coleta
de animais e plantas, ele chegou à sua mais importante descoberta, lançando luz
sobre a maneira como surgiram as novas espécies?
No mesmo livro Charles
também afirmava, talvez para ficar de acordo com a moda da época, mas sem
qualquer rigor, que “trabalhou [sob] princípios verdadeiramente baconianos e, sem qualquer teoria,
coletou fatos por atacado”. A verdade é que o elemento central de sua abordagem
científica era a paixão pela teorização, e embora admitisse que a especulação é
uma falha séria quando se faz observação, sempre declarou que a sistematização
era essencial tanto antes como depois da atividade empírica. Isso ficou
muitíssimo claro nas anotações extensas e extremamente bem organizadas que
desde o início fez de todas as suas investigações geológicas e zoológicas.
[...]
Fonte: Keynes, R. 2004. Aventuras e descobertas de Darwin a bordo do
Beagle. RJ, Jorge Zahar.
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