Nostalgia panteísta
Augusto de Lima
Um dia interrogando o
níveo seio
de uma concha voltada
contra o ouvido,
um longínquo rumor, como
um gemido
ouvi plangente e de
saudades cheio.
Esse rumor tristíssimo
escutei-o;
é a música das ondas, é o
bramido,
que ela guarda por tempo
indefinido,
das solidões marinhas
donde veio.
Homem, concha exilada,
igual lamento
em ti mesmo ouvirás, se
ouvido atento
aos recessos do espírito
volveres.
É de saudade, esse
lamento humano,
de uma vida anterior,
pátrio oceano
da unidade concêntrica
dos seres.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP,
Leya. Poema publicado em livro em 1887.
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