Para um vil criminoso
Adília Lopes
Fizeste-me mil maldades
e uma maldade muito
grande
que não se faz
acho que devo ter sido a
pessoa
a quem fizeste mais
maldades
nem deves ter feito a
ninguém
uma maldade tão grande
como a que me fizeste a
mim
não sei se tens remorsos
tu dizes que não tens
remorsos nenhuns
porque dizes que és um
vil criminoso
para mim
eu também sou uma vil
criminosa
mas não para ti
desconfio que tens o
remorso
de ter alguns remorsos
por me teres feito mil
maldades
e uma maldade muito
grande
a maldade muito grande
está feita
e não se faz
acho que essa maldade
muito grande
nos aproximou um do outro
em vez de nos afastar
mas para mim é um drôle
de chemin
e para ti também deve ser
mas com um vil criminoso
nunca se sabe
Fonte: Silva, A. C. &
Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em
livro em 1985. ‘Adília Lopes’ é pseudônimo de Maria José da Silva Viana Fidalgo
de Oliveira.
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