25 outubro 2014

Como era...

Gyula Juhász

Como era tão loira a minha amada? Já o esqueci.
Mas sei que no ardente verão, do trigo
as douradas e frescas espigas trarão consigo
a nítida recordação do seu cabelo loiro.

Como era o azul dos seus olhos? Já o esqueci.
Mas sei que ao ir-se, setembro em rápido vôo,
pálido outono pintará de azul o céu
e verei seus olhos em dia claro.

Como era a seda de sua voz? Já o esqueci.
Ma na primavera, quando suspire o vento,
ouvirei a voz de Ana e me tocará seu alento,
que virá do fundo do céu imaculado.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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