15 outubro 2014

Volta

Itálico Marcon

Aqui nasci.
Enterrado quero ser
aqui.
No Dia do Nunca Mais,
quando as uvas maduras
acordarem as parreiras
e a sombra perfumada
do trigo e dos pinheiros
fugir na disparada
dos pássaros primeiros.

Eis o cemitério sem
nome
(pequenino como todos)
repousando na paisagem
deste céu cor de fogo,
onde dorme o Valeriano
(meu irmão morto)
e os amigos da infância
descansam
embriagados de vinho novo.

Aqui nasci.
Enterrado quero ser
aqui.

Fonte (segunda estrofe): Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1969.

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