Somos de barro
Sebastião da Gama
Somos de barro. Iguais
aos mais.
Ó alegria de sabê-lo!
(Correi, felizes
lágrimas,
por sobre o seu cabelo!)
Depois de mais aquela
confissão,
impuros nos achámos;
nos descobrimos
frutos do mesmo chão.
Pecado, Amor? Pecado fora
apenas
não fazer do pecado
a força que nos ligue e
nos obrigue
a lutar lado a lado.
O meu orgulho assim é que
nos quer.
Há-de ser nosso o pão,
ser nossa a água.
Mas vencidas os ganham,
vencedoras,
nossa vergonha e nossa
mágoa.
O nosso Amor, que
história sem beleza,
se não fora ascensão e
queda e teimosia,
conquista... (E novamente
queda e novamente
luta, ascensão... ) Ó meu
Amor, tão fria,
se nascêramos puros,
nossa história!
Chora sobre o meu ombro.
Confessámos.
E mais certos de nós,
mais um do outro,
mais impuros, mais puros,
nós ficamos.
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