13 novembro 2014

As pedagogias do conhecimento

Louis Not

Desde o século XVIII, pelo menos, duas perspectivas pedagógicas se contrapõem. Numa quer-se ensinar, instruir, formar. Ensina-se uma matéria às crianças, ou seja, situa-se diante de dois objetos: a matéria e a criança; do exterior, subtrai-se o aluno de seu estado de criança; ele é dirigido, modelado e equipado. Esta é a tese antiga: ela continua a ter partidárias, apesar das críticas e variações que sofreu. A antítese se precisa após Rousseau, quando se declara que o aluno traz em si os meios de assegurar seu próprio desenvolvimento, sobretudo intelectual e moral, e que toda ação que intervém do exterior só pode deformá-lo ou entravá-lo.

E porque a História parece justificá-lo, os dois métodos, os antigos e os modernos foram contrapostos, embora uns sejam tão atuais quanto os outros. Por vezes o tradicional é rejeitado em nome do novo, como se tradicional e caduco fossem sinônimos ou como se, com o passar dos anos, o novo não se tornasse tradição. Outras vezes enfim, porque as aparências sugerem e porque Rousseau e os pedagogos nele inspirados põem a ação na origem de todo o conhecimento, são denominados ativos os métodos que eles preconizam; depois, porque as oposições facilitam a classificação, diz-se que nos outros o aluno não é ativo... e denuncia-se, ao mesmo tempo, a multiplicidade das tarefas que eles obrigam os alunos a realizar.
[...]

Fonte: Not, L. 1981. As pedagogias do conhecimento. SP, Difel.

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