04 novembro 2014

Identificação de substâncias

Aécio Pereira Chagas

Os químicos e os detetives têm muita coisa em comum. Cada um deles tem diante de si problemas muito semelhantes e que têm até o mesmo nome: identificação. A maneira de resolvê-los também é semelhante, ou seja, os químicos às vezes trabalham como Sherlock Holmes ou Hercule Poirot, procurando pistas e fazendo hipóteses e deduções até encontrar a solução. A diferença é que o detetive lida com pessoas e o químico com substâncias. E assim como o detetive deve conhecer o comportamento das pessoas para resolver o seu problema, o químico também deve conhecer o comportamento das substâncias (suas propriedades, como também se diz) para resolver seu problema. O detetive deseja encontrar uma pessoa: o criminoso, a testemunha, às vezes até a vítima, e também as provas para resolver seu caso. O químico também deseja encontrar a substância, às vezes conhecida, às vezes desconhecida, e também as ‘provas’ para resolver seu caso: as águas da lagoa estão contaminadas com mercúrio? Qual o teor de álcool na gasolina? E o de água no álcool? E no vinho? Aquela chapa de aço enferrujou fácil, qual seu teor de [cromo]? Aquele medicamente tem mesmo a composição mencionada no rótulo? Qual o teor de cobre naquele mineral? Qual o teor de proteína naquela ração? Quanto nitrogênio precisa ser adicionado ao solo para se atingir os teores necessários àquela cultura? Quanto de sódio e potássio há no sangue? Quanto de ácido e de fenol há no vinho? Quanto mentol há nas folhas daquela variedade de hortelã? Estas são questões formuladas aos químicos em todas as partes do mundo e a todo instante. Há ainda outras que não refletem este imediatismo das formuladas acima.
[...]

Fonte: Chagas, A. P. 1992. Como se faz química, 2ª edição. Campinas, Editora da Unicamp.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker