Identificação de substâncias
Aécio Pereira Chagas
Os químicos e os
detetives têm muita coisa em comum. Cada um deles tem diante de si problemas
muito semelhantes e que têm até o mesmo nome: identificação. A maneira de
resolvê-los também é semelhante, ou seja, os químicos às vezes trabalham como
Sherlock Holmes ou Hercule Poirot, procurando pistas e fazendo hipóteses e
deduções até encontrar a solução. A diferença é que o detetive lida com pessoas
e o químico com substâncias. E assim como o detetive deve conhecer o
comportamento das pessoas para resolver o seu problema, o químico também deve
conhecer o comportamento das substâncias (suas propriedades, como também se
diz) para resolver seu problema. O detetive deseja encontrar uma pessoa: o
criminoso, a testemunha, às vezes até a vítima, e também as provas para
resolver seu caso. O químico também deseja encontrar a substância, às vezes
conhecida, às vezes desconhecida, e também as ‘provas’ para resolver seu caso:
as águas da lagoa estão contaminadas com mercúrio? Qual o teor de álcool na
gasolina? E o de água no álcool? E no vinho? Aquela chapa de aço enferrujou
fácil, qual seu teor de [cromo]? Aquele medicamente tem mesmo a composição
mencionada no rótulo? Qual o teor de cobre naquele mineral? Qual o teor de
proteína naquela ração? Quanto nitrogênio precisa ser adicionado ao solo para
se atingir os teores necessários àquela cultura? Quanto de sódio e potássio há
no sangue? Quanto de ácido e de fenol há no vinho? Quanto mentol há nas folhas
daquela variedade de hortelã? Estas são questões formuladas aos químicos em
todas as partes do mundo e a todo instante. Há ainda outras que não refletem
este imediatismo das formuladas acima.
[...]
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