13 dezembro 2014

Sábado na hora da escuta

Mário Chamie

por fora
nesta hora
estou estamos na poltrona.
o sábado:
seu macio beladona
nos prende na onda
no baixo letal veneno da sombra
cômoda.

na poltrona do sossego
estou estamos no centro
das ondas longas
das ondas curtas
da língua suja
da mesma fria
NOTÍCIA
com sua asma
com seu fantasma
de sentença coletiva.

estou estamos na ilha
sob os raios de radium
onde estando estamos
com o rádio de pilha.

seu reino avança
indefesos
presos
estou estamos no centro.
dentro
a enguia fria da NOTÍCIA
lança a mão em onda de onde
está estando em sombra.

pois esta é a sombra.
esta, a cômoda.
este, o letal concêntrico
veneno
em volta da poltrona.

estou estamos
no centro por dentro da ilha
sob as águas, no meio das ondas
o rádio de pilha
está onde estamos
– sombra e escudo –
quando mudos
na sombra
ouvimos o que não muda
e manda.

Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1978.

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