Jogos: definição
Eric Berne
Um jogo é uma série de
transações complementares que se desenrolam até um desfecho definido e
previsível. Pode ser descrito como um conjunto repetido de transações, não raro
enfadonhas, embora plausíveis e com uma motivação oculta. Para definir de
maneira mais simples, jogos são
constituídos por uma série de lances com uma cilada ou ‘truque’ no meio ou no
fim. Os jogos são claramente diferenciados dos procedimentos, rituais e
passatempos por duas características principais: (1) sua natureza inconfessada
e (2) um desfecho. Os procedimentos podem ser bem sucedidos, os rituais podem
ser eficientes e os passatempos proveitosos, mas por definição todos são
sinceros; eles podem envolver uma disputa, mas não um conflito, e o seu desfecho
pode ser sensacional, mas não é dramático. Por outro lado, todo jogo é
basicamente desonesto, e seu desfecho tem um certo caráter de dramaticidade.
Resta distinguir os jogos
de um tipo de ação social – a operação
– que ainda não foi discutido. Uma operação
é uma transação simples ou um conjunto de transações empreendidas com um
propósito simples e direto, especificamente declarado. Se alguém pede
francamente um pouco de tranqüilidade e a recebe, isto é uma operação. Mas se quem fizer esse pedido
depois transformar tudo de tal sorte que quem lhe proporcionou essa
tranqüilidade acabe em desvantagem, temos um jogo. Aparentemente, portanto, um jogo parece ser um conjunto de
operações, mas depois do desfecho torna-se evidente que aquelas ‘operações’ na
verdade eram lances de um jogo, eram mais propriamente manobras e não pedidos sinceramente enunciados.
[...]
Fonte: Berne, E. 1977
[1964]. Os jogos da vida. RJ,
Artenova.
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