Do inferno à budicidade
Daisaku Ikeda
Depois de vinte anos de
massacres e atrocidades, a guerra do Vietnã chegou ao fim. Acima e além do
espantoso número de perdas paira uma indagação: quantas vidas foram
destroçadas, mutiladas e apartadas em décadas de luta? Mas esse não é o único
nem o mais importante motivo da desolação.
Por volta de 1972, um
jornalista japonês de volta de Hue declarou que os vietnamitas tinham ‘medo da
paz’. Ele não quis dizer que aquele povo não queria viver pacificamente, mas
apenas que não sabia o que era paz e o que trazia no seu bojo. De guerra eles
entendiam, mas a paz lhes era uma quantidade desconhecida. Para nós, que temos
tido a boa sorte de viver em contato com a paz, isso parece irrealístico. Como
é doloroso pensar que somente poucas pessoas, na região, são velhas o bastante
para ter a noção do que é viver em paz!
Tendo sobrevivo à guerra
infernal, essa desafortunada gente se pergunta: “O que é paz?” Uma geração
inteira nada sabe a não ser sobre guerra, bombardeios e terra devastada. No
entanto, muitos devem ter sonhado – de tempos em tempos – com uma maneira de
viver mais humana cada vez que a esperança era rapidamente transformada em
desconfiança e desespero. Nas suas vidas, a única coisa certa tinha sido a
morte.
[...]
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