No rio Amazonas
Robert Avé-Lallemant
1.
Precisei apenas de poucas
horas em Pernambuco para coordenar alguns assuntos relacionados com o
prosseguimento de minha viagem, na esperança de que, no fim desta, me demoraria
ainda muitos dias lá.
O ‘Oiapoque’, em que
voltara de Manaus para Pernambuco, devia partir no dia 31 de maio, às 5 horas
da tarde, rumo ao Pará, na sua viagem com escala pelos portos do norte, e preparei-me
para embarcar novamente nele.
Isso, porém, não se
realizou sem alguma dificuldade. A maré viva dum mês de inverno e o forte vento
de leste impeliam com extraordinária violência os vagalhões contra os arrecifes
do porto. A espuma branca elevava-se acima do dique rochoso, à altura duma
casa, e as ondas mais altas passavam-lhe livremente por cima do que resultaram
diversos choques dentro do porto. O ‘Oiapoque’ também sofreu com isso. Uma Alvarenga
carregada de carvão afundara, por ter ancorado muito perto do farol. Caso muito
mais triste foi o do capitão dum navio fundeado fora do porto, no mar, no
chamado Lameirão, que, querendo voltar para bordo, virou seu escaler, ao
transpor a barra, e pereceu afogado com dois marinheiros e um passageiro.
[...]
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